O poder da Multipotencialidade
Esses dias, ouvindo o podcast do Tiago Henriques (@tira.do.papel) e Lucas Morello (@botanarua), o autêntico Podcrê, me deparei com o termo Multipotencialidade.
Pela primeira vez compreendi o seu conceito e me identifiquei. Foi como costuma dizer a Jout Jout: “bateu, doeu? pega que é teu”. Peguei, e não quero mais largar!
Ser multipotencial significa gostar e exercer atividades em diferentes áreas do conhecimento. É aquela pessoa que faz de tudo um pouco, está sempre inquieta, navegando por novas descobertas.
Algumas características desse público e que talvez você se identifique são:
- Em muitos momentos, pode se sentir perdido e sem foco, com forte indecisão sobre o que escolher como profissão — ou qual caminho seguir na carreira;
- É reconhecido algumas vez por “nunca terminar o que começou”, pois costuma se interessar por algo, ir a fundo naquilo, mas depois perde o interesse e parte para um novo desafio;
- Tem curiosidade em diferentes temas, podendo ser até bastante opostos, como gostar de exatas e ser bom em pintar quadros de arte contemporânea — estimulando as duas partes do cérebro, portanto.
Pra exemplificar um pouco, já viu esse meme aqui?
Piadas a parte, talvez o Rodrigo Hilbert seja o exemplo público mais atual que você conheça. Além de ser ator e apresentador, ele demonstra o seu potencial na cozinha, atividades artesanais e tantas outras perspicácias por aí.
Outro exemplo é aquele vizinho comerciante, mas que também conhece muito de música e dá aulas de vez em quando; ou aquela amiga que cozinha maravilhosamente bem, enquanto tem uma carreira bem sucedida no mundo corporativo. São diversos exemplos e combinações possíveis de habilidades que geram essa multiplicidade.
O mais interessante é que todos nós somos multipotenciais
Em níveis diferentes, mas somos. Porém, costumamos omitir grande parte das nossas habilidades e focar em apenas um conjunto específico delas, muito relacionado à nossa própria cultura de “mono”.
Explicando melhor…
Há pelo menos duas características na nossa sociedade que favorecem o desenvolvimento de apenas um conjunto de habilidades específicas:
- As Revoluções Industriais — (já estamos na quarta);
- O modo de trabalho instalado desde lá, caracterizado pela especialização. Atualmente, a aceleração do trabalho e a sobrecarga também contribuem para a diminuição da busca por conhecimentos em outras áreas, já que a energia é majoritariamente depositada em um único afazer.
Nesse sentido, podemos perceber tal cultura refletida em outros campos, como a definição de carreira de acordo com um único curso de graduação. E não que isso seja completamente ruim, mas é importante que haja espaço para esses dois perfis.
As vantagens de exercer a multipotencialidade
Na sua palestra no TEDx, Emilie Wapnick descreve um pouco da sensação de ser um multipotencial e como isso pode gerar ansiedade em alguns momentos, mas, em suma, alguns diferenciais também. A Emilie foi uma das precursoras desse tema e hoje lidera uma comunidade global de pessoas que compartilham suas histórias e discutem sobre o tema.
Para ela, multipotenciais têm o seu lugar no mundo e possuem algumas características singulares, chamadas por ela de “superpoderes” :
- A capacidade de Síntese de Ideias: pessoas que exercem a sua multipotencialidade têm mais facilidade em combinar habilidades e conhecimentos e criar algo novo a partir disso (é daí que surge a inovação, por exemplo);
- Aprendizado rápido: a curiosidade, vontade de aprender e o costume de estar sempre iniciando algo novo contribuem pra que aprendam mais rápido determinado tema;
- Adaptabilidade: por estarem sempre buscando algo novo e acostumados a estar fora da zona de conforto, costumam ter mais predisposição a se adequarem a qualquer ambiente ou situação, conforme necessário.
“Bateu em mim também, e agora?”
Se você também se identificou com o termo, imagino que esteja feliz ao finalmente compreender as suas próprias características, e que está tudo bem não se encaixar nas referências que têm.
Por outro lado, você já deve ter passado por alguns momentos de insatisfação por gostar das suas múltiplas habilidades e querer explorar mais isso. Então, retomando a referência do início desse post, Tiago e Lucas exploram alguns desses momentos e trazem sugestões para desenvolver a sua multipotencialidade:
- Para tirar a frustração de que você sabe fazer muitas coisas, mas não consegue comprovar isso pra ninguém, a dica é: finalize. Feche ciclos. Comece em algo e finalize aquilo para, então, ter uma extensão disso ou começar algo totalmente novo. Coloque pontos finais.
- Treine passar vergonha: você sempre vai se sentir inseguro, com medo de ser julgado, medo de começar algo por não se sentir suficiente ou com credibilidade para fazê-lo, mas faça. Treine passar vergonha até você se sentir confortável e, então, passe para outro desafio.
- O que você vai fazer hoje não necessariamente é o que você vai fazer daqui a 1 mês, 1 ano ou a vida toda. Você vai fazer várias coisas na sua vida ainda, não pese tanto uma decisão.
- Finalize uma coisa de cada vez … coloque todas as coisas que queira fazer em uma linha do tempo, que leve em consideração o quão sustentável é fazer isso dentro do tempo.
Por fim, a reflexão que mais fica em mim é: aceitar quem se é e gostar disso. Muitas vezes estamos acostumados a olhar em apenas uma direção, seguindo o princípio linear de vida. Com a tecnologia e o excesso de informação e sociabilidade, esse padrão começou a ser desconstruído e novas jornadas foram surgindo, inclusive, no campo do trabalho. Ter a oportunidade de explorar as suas multipotencialidades é se destacar e, mais do que isso, é dar espaço para si mesmo.
É provável que as pessoas que exercem a sua multipotencialidade também sejam mais criativas, mas isso é tema para outro post…